Após o minério derramado

Não era para ser premonitória a peça criada pela Todos Nós, em setembro, para o lançamento da Cápsula do Tempo da Super Rádio Tupi. Porém, vendo a tragédia de Mariana, nos frustra constatar que a troça era a mais pura tradução da verdade. Como de hábito, a negligência humana foi protagonista e nos antecipa um futuro pouco promissor. Enquanto sofremos diariamente com as notícias sobre a perda irrecuperável do Rio Doce, outras 16 grandes barragens são relatoriadas inseguras pelo DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). O assunto domina as manchetes e as redes sociais. Por ora. É que estamos sob clamor: e esta é uma “preocupação” que logo passa. Costuma ser assim. Com isso, é  improvável que ocorram a fiscalização e as medidas essenciais para a integridade destas 16 e de tantas outras. Assim, deixadas à própria sorte, estas bacias de lama assassina, cedo ou tarde, gerarão novos desastres ambientais. Toc, toc, toc. É o que nos resta: isolar na madeira. Mas não é difícil prever que a usual negligência permanecerá atuando nas próximas catástrofes – e a overdose de mídia e a comoção popular, após o leite (e o minério) derramado, mudarão pouca coisa. Triste sina.

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