Sobre duas rodas é mais arriscado

As campanhas de prevenção aos acidentes se sucedem. Ainda assim, infelizmente, o cenário apresenta lentas transformações, e nem sempre favoráveis. O risco fatal – um absurdo com o qual nos acostumamos a conviver no noticiário e ao nosso redor – está sempre presente.  Há, porém, riscos e riscos; alguns são maiores. A evolução do tamanho da frota deixa claro quão mais arriscada é a segurança dos que se locomovem sobre duas rodas: se em 2002 já eram 2 milhões e meio de carros e 230 mil motos no Estado do Rio, com 352 acidentes fatais em automóveis (0,014% do total de carros em circulação no estado) e 239 acidentes fatais envolvendo motocicletas (0,103% do total de motos em circulação), em 2013 esses números foram muito mais preocupantes. O total de carros subiu a assombrosos 4,13 milhões, com o total de motocicletas mais que triplicando – são hoje 773 mil -, gerando 54% mais mortes sobre duas rodas do que 10 anos antes, de acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde. Esses números retratam a forma como dirigimos. Há duas semanas, um amigo nosso, saindo do trabalho em sua moto e seguindo para casa, foi atropelado pelo automóvel de um advogado, que abandonou o local do acidente sem prestar socorro (a legislação protege quem evita o flagrante). A placa, entretanto, caída no chão, denunciou o agressor – cujo carro quebrou logo à frente, tendo sido rebocado, ocultado e depois descoberto. O motociclista havia feito tudo como manda o figurino. Foi salvo pelo capacete, que protegeu sua cabeça, mas não o fêmur, joelho, tíbia, quadril, braço, mão, ombro etc. Fato é que a conduta no trânsito revela mais sobre nosso nível de civilização do que o tamanho da economia pode disfarçar. Não obstante, não estamos condenados à barbárie: é sempre tempo de reformular conceitos e atitudes. Depende de cada um, principalmente quando esse um está no volante. Em tempo: o nosso amigo permanece internado, depois de 12 dias de hospital, 7 dias no CTI e 5 cirurgias. Amanhã enfrentará a sexta cirurgia. Que tudo corra bem e que Deus o abençoe. A todos nós.

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